segunda-feira, 18 de abril de 2011

A menina que não sabia ler

   "Essa historia é curiosa a que tenho de contar, uma historia de difícil absorção e entendimento, por isso é uma sorte que eu tenha as palavras para cumprir a tarefa. Se eu mesma digo isso, quando talvez não devesse, é que, para uma menina da minha idade, tenho um ótimo vocabulário. Extremamente bom, para falar com franqueza. Porém, devido às opiniões rígidas de meu tio em relação à educação das mulheres, tenho escondido minha eloqüência, soterrado meu talento e mantido apenas as formas mais simples de expressão aprisionadas no cérebro. Tal dissimulação transformou-se em habito e foi motivada pelo medo, pelo grande medo de que, se falasse como penso, ficaria evidente meu contato com os livros e eu seria banida da biblioteca. E, como expliquei para a pobre sra. Whitaker ( pouco antes de sua trágica morte no lago)" cap. 1


Obra: A menina que não sabia ler (Florence and Giles)
Editora: Leya
Autor: John Harding
Origem: Literatura Inglesa
Paginas:282
    
    A obra é contada em primeira pessoa, tendo como narradora a jovem Florence é através dela que conhecemos a decadente mansão Blithe House, local que acontece a maior parte do drama, que segundo a própria Florence:  "é um celeiro, uma mansão de pedra rústica com muitos cômodos, tão imensa que meu irmão caçula, Giles, tão rápido nas pernas quanto lento na cabeça, leva três minutos ou mais para percorrê-la; uma casa desconfortável e deteriorada pela prudência, negligenciada..."
     A jovem Florence e seu irmão mais novo, Giles, crescem nos corredores desta decadente mansão à mercê de criados e regras ditadas por um negligente tio, que os dois órfãos jamais viram.
     Desprovida de quaisquer valores morais, perspectivas para o futuro e instrumentos para o convívio social, Florence se refugia no tesouro literário que habita a Biblioteca, recanto que ela descobre um dia, casualmente. Apaixonada por esse universo desde o início, impedida de sequer aprender a ler – regra máxima prescrita pelo tio -, ela se transforma em autodidata e conquista, sozinha, esse conhecimento, o qual lhe abre as portas do mundo e da imaginação.  Mas que precisa ser mantido em segredo, não importa o preço.
     O enredo vai se tornando mais sufocante à medida que entra em cena uma enigmática mulher, Senhorita Taylor, que substitui a antiga preceptora, morta tragicamente, depois da chega desta nova preceptora estranhos acontecimentos parecem despertar em Florence um medo sobrenatural. A garota ainda sente o seu irmão cada vez mais distante e enredado pela estranha; ela mesma vai revelando facetas ocultas de sua personalidade ao se confrontar com esta criatura.
    Em um certo momento o leitor passa a sentir certo estranhamento, e subitamente as facetas ocultas da obra são reveladas e torna-se um tanto macabra com um final um tanto desorientador.

Um pouco sobre o autor:

   John Harding nasceu em uma pequena aldeia Fenland na Ilha de Ely, em 1951. Trabalhou primeiro como repórter e depois como escritor e editor em revistas, antes de se tornar um escritor freelance. É autor do Best-seller  inglês "We Did On Our Holiday"  É critico literário do Daily Mail e vive e, Londres.


Minha Opinião: 
  O começo da obra até que me agradou, porém ao desenrolar da historia o enredo acaba se tornando em um mosaico macabro, dando-me uma sensação de aflição e angustia. As situações finais são um tanto morbitas e me deram uma sensação de desconforto.
   Ao iniciar minha leitura pensei que encontraria um livro que revelasse a importância dos livros na vida de uma criança, porém o que encontrei foi algo um tanto cruel para os apaixonados por livros ( pelo menos ao meu ver).
   Muitas incógnitas ficam ao final da obra, porém se a intenção do autor foi de deixar uma interrogação e uma sensação de vazio ele merece esse mérito.

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